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Verdade emocional

Verdade emocional

World Trip Day 149 – Ultimamente tenho recebido muitas pessoas ora por mensagem, ora pessoalmente a dizer que ficam muito aliviadas e gratas quando partilho publicamente a importância que dou às minhas emoções menos positivas.

Quando escrevo ou menciono coisas como “estou com neura”, quando lhes conto aventuras e dificuldades que vivi, dentro de mim, para ultrapassar determinadas fases da minha vida, ficam contentes. Não ficam contentes porque me sinto mal aqui ou ali, nada disso, não são sádicos  mas ficam aliviados por perceber que afinal “a Joana também se sente assim como eu de vez em quando”.

Acho mesmo que mostrar só o lado bonito da vida não serve o nosso público. Para além de que não enganamos ninguém. As pessoas, o nosso público, sabe no seu íntimo que se alegarmos que não temos break downs isso não pode ser verdade.

Acredito que mostrar só o lado bonito das coisas prejudica as pessoas. Prejudica-as porque as faz acreditar que conseguimos fazer tudo o que queremos, como queremos, sempre. Prejudica-as porque se elas não conseguem, convensem-se de que são fracas. E isso, não é verdade.

A verdade é que a vida não é tão simples como um conjunto de frases bonitas. O ser humano não é uma máquina e os resultados que as pessoas atingem podem ser concretizados das mais variadas maneiras.

Por isso, gosto de partilhar as minhas aventuras contigo e contar as minhas quedas e cascas de banana aos meus clientes. Conto-lhes cada coisa sobre a minha vida que a maior parte de nós deveria ter vergonha ? Mas a verdade é que os ajuda. Ajuda-os a perceber que sou humana e não uma máquina. E que se mesmo assim, mesmo sendo humana, consigo conquistar coisas tão incríveis, então eles provavelmente também têm essa capacidade.

Alguns colegas dizem-me que as suas “cascas de banana” são privadas, que ninguém tem nada a ver com elas e que eles têm o direito de partilhar apenas aquilo é inspirador. Percebo o que eles dizem e concordo. Claro! Há coisas na minha vida que são exclusivamente minhas e das pessoas com quem privo de forma mais próxima. Isso faz sentido. Há coisas que prefiro que fiquem só comigo.

Mas depois há outras coisas que partilho mais tarde quando já consegui resolver essa questão dentro de mim ou outras ainda que partilho quando ainda estou no meio da maionese porque sei que muitas das pessoas que me seguem se vão identificar e retirar algum valor dessa partilha.

Não acho que devemos partilhar tudo, apenas aquilo que pode contribuir de alguma forma para inspirar o nosso público e, ao mesmo tempo, ajudar-nos a nós a não sermos preguiçosos ficando eternamente com certas questões por resolver. Acredito que essas mensagens também são inspiradoras. Muitas vezes são as mais inspiradoras e as que mais libertam o nosso público dos cliches que os aprisionam.

Muitas vezes vejo os meus clientes chegando às sessões vestindo a sua armadura, dizendo e repetindo as frases poderosas. Querem ser algo que acham que devem ser. Querem sê-lo para mim, para que me orgulhe deles e veja o quanto se estão a esforçar. Querem sê-lo para eles próprios para provarem que são capazes e que sabem a teoria toda.

Mas duas perguntas chegam para eu e eles percebermos que essas frases feitas não estão a corresponder ao que estão a fazer na prática. Quando se “despem” da armadura, realmente partilhando o que estão a sentir e não tentado mostrar uma persona indestrutível, aí sim (só aí) conseguimos realmente fazer um trabalho com verdade e que os ajuda. Fico sempre atenta quando alguém chega perto de mim, todo resolvido, falando de cor as frases certas nos momentos certos. Nesse lugar de ator não há caminhos livres para a verdade e sem a verdade não há aumento do nível de consciência.

Uma terapeuta (e agora grande amiga) com quem fiz 18 meses de psicoterapia intensa disse-me um dia depois de terminarmos o nosso processo: “Já não aguentava mais ver-te a chegar às consultas com um sorriso na cara e com a típica frase “Está tudo ótimo!”, apenas para 10 minutos depois voltarmos a perceber que estava tudo longe de ótimo”.

Foi só no dia em que finalmente cheguei a mais uma consulta e lhe disse logo à entrada com lágrimas nos olhos: “Está tudo uma porcaria!”, que ela respirou de alívio porque percebeu que finalmente tinha chegado o dia em que as mudanças iam realmente começar a acontecer. E assim foi.

Esse processo foi muito poderoso e ensinou-me uma coisa muito valiosa chamada: “Verdade emocional”.

Verdade emocional é a verdade sobre aquilo que tu sentes em relação a uma situação ou pessoa e sobre a qual não tens de te justificar. Sentes isso e pronto.

Essas emoções não dizem nada sobre ti, não significam nada, essas emoções não são tu, mas elas existem e são verdade para ti. E isso tem MUITO valor, por muito irracional que possa parecer.

Claro, que sendo emoções tuas, és tu que tens de te responsabilizar por elas e não as outras pessoas, por isso não devemos despejar o nosso caixote do lixo das emoções negativas em cima das outras pessoas. Devemos resguardar-nos e às pessoas da nossa vida e fazer o nosso processo sem magoar ninguém.

Mas é importante não julgarmos o que estamos a sentir, isso apenas aumentará o sofrimento associado a essa situação em vez de te ajudar a conhecer as partes de ti que estão a causar essas emoções e que por isso estão a precisar de atenção.

Despejar essas emoções em cima de alguém ou vestir uma armadura e avançar à bruta não dá bom resultado. Eu que o diga, que sou especialista nisso 

Por isso, tenho-me desafiado a partilhar contigo alguma desta minha loucura, em parte para a organizar dentro de mim, em parte para te dizer que:
Se estás a sentir alguma emoção menos boa, se calhar há já algum tempo, isso é informação valiosa para a tua evolução. Há um lado luminoso e belo nessa parte escura e assustadora da tua alma. Sê verdadeiro contigo e vais ver que, na verdade, todas as partes de ti são bonitas ou, no mínimo, podes aprender a viver com elas ?

Tem um dia inspirador!
Jo ???

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