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Deuses e Demónios em equilíbrio

Deuses e Demónios em equilíbrio

Worlp Trip Day 27 – Estou em Bali há 24 dias e é difícil escolher aquilo que se prefere quando se está a viver quase um mês na Ilha dos Deuses. Pessoas lindas e queridas, lugares maravilhosos, paisagens de perder a respiração, arquitetura indescritível, comida deliciosa e depois ainda há o calor e a chuva na combinação perfeita. Não há explicação.

Mas por falar em combinação perfeita vou partilhar contigo uma das coisas mais fascinantes que descobri aqui.

Em Bali a população é maioritariamente Hindu numa versão mais ligada à terra e à crença de que entidades não humanas (como animais, plantas e objetos) possuem uma essência espiritual. Aqui chamam à sua religião Agama Tirta (“Ciência da água sagrada”), que é uma mistura das ideias religiosas da China, Índia e Java.

Nestes 24 dias fui percebendo que os locais dão semelhante importância a Deuses e a Demónios, criando a tal combinação perfeita de que te falava.
Descobri que, para os Balineses, o Bem e o Mal, cima e baixo, deuses e demónios, estão agrupados em duas facções opostas, constantemente em guerra, nas quais as armas são os seus poderes mágicos e em causa estão as vidas e os interesses dos próprios Balineses. Isso “obriga” os habitantes de Bali a reconhecer ambos os lados para não atrair a ira de qualquer uma das partes. Apenas com um equilíbrio adequado entre as forças negativas e positivas, eles são capazes de manter a harmonia espiritual da comunidade. Por isso, com diferentes rituais e formas de reconhecimento, deuses e demónios recebem a atenção e o respeito dos Balineses.
Acho isto fascinante.

Acredito que estamos muito focados no lado positivo das coisas, no lado positivo da vida, no lado positivo das emoções, no lado positivo das relações. Sempre mais, sempre para cima, sempre melhor, maior, mais forte. Acho que isso nos deixa neuróticos, desequilibrados, sem harmonia espiritual e poder criativo. Tentamos puxar-nos para cima, nadando contra uma corrente que nos impede de ficar à tona da água. “Se ao menos a minha cara ficar do lado de fora conseguirei respirar”. E aí ficamos a lutar, lutar, lutar. Mas dentro de água há segredos e mistérios incríveis que precisamos de desvendar para sermos totais.

Para os Balineses, os deuses encontram-se nas montanhas e os demónios no fundo do mar. Acho que a vida deve ser repleta de viagens ao topo das montanhas e mergulhos às profundezas do mar. Equilibradamente. Agora subo, depois desço e assim sucessivamente, mantendo a minha harmonia espiritual. Sem dúvida que estou numa fase de mergulhos. Em tempos julgaria esta fase (e às vezes ainda o faço). Acusar-me-ia cegamente de fraca, de insuficiente, de fraude. Muitos dos meus antigos mestres ensinaram-me que era possível sermos como máquinas. Programarmo-nos para entrar no estado emocional que queremos num estalar de dedos. Ainda acredito que isso é possível em grande parte das vezes. Ainda acredito que essa consciência pode ser muito poderosa. Mas a diferença é que agora não quero isso. Agora quero ir visitar os demónios e sei que é esse mergulho que me vai tornar genuína, coerente, eu. E se pelo caminho (mergulho) conseguir ajudar outras pessoas a aceitar que há tempo e espaço para tudo, tanto melhor.

Para já resta-me a alegria de ter escolhido as águas quentes de Bali para espreitar as profundezas que sorte!

Tem um lindo dia

Jo ♥

 

Photo tirada a um postal em Ubud, Bali, Indonésia

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